terça-feira, 18 de outubro de 2011


Tenho muito respeito pela fé. Admiro as pessoas que creem em uma verdade. Afinal, toda religião pressupõe partilha, comunidade , pensar em grupo, não é isso? Então a crença deveria ser um elo, não só com o sagrado, mas com as outras pessoas. Admiro quem acredita em algo que o torne melhor. Se sua religião fundamenta o seu caráter e isso te faz uma pessoa honesta e justa, eu te admiro. Em contrapartida , me irrito profundamente com proselitismo vazio. Há quem se diga cristão (ou judeu, islâmico, budista...) e está sempre pronto pra julgar. Tenho a impressão que as pessoas estão cada vez mais intolerantes com religião, aparência ou comportamento sexual diferente dos seus próprios. E impor um modelo de compoortamento, a meu ver, é uma forma de intolerância.  Quem "escolheu esperar" tem o direito de fazê-lo assim como quem escolheu não esperar. Mais que isso,os que escolheram não falar sobre a vida sexual tem o direito de permanecer à margem da discussão. E aquele lance de amar o próximo, só serve se o próximo  tiver exatamente as mesmas opiniões que você? Acho que alguém egoísta a ponto de se preocupar apenas com a própria salvação não merece ser salvo. Se é que existe salvação. E se não existe Deus ou juízo final, nem nada disso, ainda assim acho que se preocupar com os outros vale a pena.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Aquele chapéu


Aquele chapéu desencadeia tanta coisa em mim. Mais que qualquer objeto, ele tem a sua cara, ele é você. Num acordo velado nós o mantivemos lá, como um signo maior da sua presença. Sua presença ocupa mais espaço que os móveis, as roupas, os calçados, as panelas. Sua ausência enche a casa toda. E aquele chapéu é você mais que tudo. Impossível olhar pra ele e não te enxergar , mão na cintura, sempre sorrindo. Quando nos desfizemos de suas coisas o chapéu ficou pra uma segunda leva. Nessa segunda leva, onde os objetos foram distribuídos pros mais próximos, o chapéu ficou. Daríamos a um dos primos, poderia servir pras pescarias. Um já tinha chapéu igual, no outro o tamanho não deu. E assim ele foi ficando. Mesmo quando a maioria de seus objetos já tinha ido embora, o chapéu continuou atrás da porta, como sempre esteve. Sem combinar , arrumávamos jeito de deixá-lo conosco.Depois que mudamos pra casa nova ele ganhou um lugar na despensa, em segundo plano mas sempre presente. Nunca mais falamos sobre ele, sobre o destino que deveria tomar. É como se existisse um pacto velado. O chapéu continua presente assim como você, mesmo sem estar ao alcance da vista. Jogado meio de lado, como se você tivesse saído com pressa e esquecido lá. E lá vai ficando. Mesmo nessa casa que você nunca morou, não nos acostumamos a deixar de te esperar.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Quanto dura uma certeza



Afinal, quanto tempo dura uma certeza? Se você não sabe se está perdido ou não, quer dizer que já está perdido? Ás vezes me pergunto se as pessoas realmente estão felizes com as opções que fizeram ou fingir é uma forma de incutir felicidade às escolhas incertas. Então se você é frustrado no casamento, finge ser realizado. Se o emprego não é bem o que queria, tenta mostrar ao mundo todas as vantagens dele. Se não ama tanto assim , fica garimpando na pessoa amada  coisas boas na busca de amá-la mais. Mas , afinal, e se felicidade significa apenas adequar-se às situações? Então meu erro é acreditar que felicidade e conformismo são coisas distintas.

sábado, 8 de outubro de 2011

Eu peco é na vontade

 Toda essa confusão se instalou por minha causa. Eu admito, a culpa é minha. Não se preocupe: eu não sei exato quem é você  mas também não sei muito bem quem sou. Agora, e isso já tem um tempo, sou essa pessoa que fuma, tira o esmalte compulsivamente e ouve canções do Radiohead repetidas vezes. "You just sit there wishing you could still make love", essa sou eu.

Fiquei enfurecida pelo sexo e pelo seu jeito carinhoso. Não sei se tive mais raiva quando foi gentil ou depois, quando foi indiferente. Fiquei esperando você cumprir as promessas que sequer tinha feito. Porque agora eu também sou assim: alguém tão perdido que enxerga em qualquer sinal de gentileza uma promessa de amor.

Você me deu um orgasmo e confundi com uma epifania. Dar a mão não implica em levar a algum lugar. É que eu não tinha pra onde ir e me deixei guiar por quem primeiro apareceu. Qualquer sentimento em que possa me apegar, essa é a nova dinâmica. E no fim restam apenas os sentimentos que me consomem: a raiva, a frustração e a desesperança. Tudo que eu queria era ter fé e amor, mas tudo bem , sei que você não tem nada com isso.

Enxerguei em você alguém devastado e veio o impulso estúpido em me atirar nas crises de outra pessoa pra esquecer as minhas. Eu tinha essa visão idiota que da feiúra seríamos capazes de construir algo bonito juntos . Porque não importa o quanto eu sei não ser boa nisso, insisto sempre em querer tentar. E toda vez, no fim, me pergunto se é a última vez que erro já sabendo que a resposta é não.




sábado, 1 de outubro de 2011


Tô muito chata ultimamente. Mais que o comum: chata e existencialista. Ando até com medo de ler Sartre e dessa vez gostar. 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Lato sensu

 Minhas especialidades :

·         *   Falar sobre coisas que as pessoas não estão interessadas em ouvir
·         *    Mandar mensagens a destinatários trocados
·         *   Dedicar-me com afinco a atividades sem valor prático ou financeiro
·         *  Tomar decisões erradas, de grande e pequena proporção
·          *   Fazer homens bonitos darem risada. De mim.
·          *   Borrar o rímel, batom/alface no dente, derrubar molho na roupa. Se há um homem interessante perto a probabilidade de acontecer uma dessas coisas (ou várias) é substancialmente maior
·          *   Autodepreciação. 

domingo, 25 de setembro de 2011

Ode ao aleatório


Tem dias em que o aleatório do player toca só as músicas preferidas. Às vezes é assim também na vida: vem uma música linda e te surpreende, uma que você nem lembrava que tinha
Uma que talvez sequer tenha ouvido antes.
A gente gasta um tempão com planos e metas e o que melhor acontece vem do acaso. Sem que você tenha planejado acontece algo que te deixa feliz,  faz enxergar possibilidades desconhecidas. E te faz ser feliz duas vezes: pela felicidade proporcionada e pela surpresa. Melhor que cumprir o planejado é quando você faz exatamente o contrário e o resultado é melhor que o imaginado. Melhor do que alcançar qualquer meta é quando as coisas mudam de rumo e te levam pra um lugar tão bonito que você nem sabia que existia. Desde sempre tem sido assim: o que de melhor me acontece é fruto do acaso.Que o acaso continue a me surpreender.

sábado, 10 de setembro de 2011

uma coisa boa que não chama amor


O que tínhamos não era amor. Era muito mais legal, e menos doído. Eu podia te ver todo dia e se não visse, ficava sem sofrer. Logo eu que sou maníaca pela presença das pessoas. Nos gostávamos de um jeito que fazia sentido, dava pra gostar direito porque nenhum dos dois se preocupava se era mais ou menos correspondido, entende? Não tínhamos problema de reciprocidade porque não ligávamos pra ela. O amor também deveria ser assim. Mas se fosse, talvez tivéssemos que criar outro nome pra ele.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Você fica querendo mudar e quando muda, vê que não está feliz. Ou muda justamente porque está sendo tão pouco você que nem tem vontade ou forças pra fazer o que fazia antes. Sempre soube que preciso falar menos e agora to falando menos. E não é decisão, mudança ou disciplina. É só tristeza.

sábado, 25 de junho de 2011

Odeio despedidas. Não falo do adeus em saguões de aeroportos e rodoviárias. Mais do que o momento de enterrar um morto eu odeio as pequenas despedidas. Não sei lidar com elas. Morro um pouco cada vez que me despeço de alguém que gosto. Sou especialista em prolongar despedidas. Só mais um café, mais um cigarro, mais um beijo. Só mais uma migalha... mais qualquer coisa que possa afastar a despedida, um pouquinho que seja. Mesmo que seja tão inevitável quanto o acordar após os “cinco minutinhos” depois do despertador tocar. É que quando a gente ama vem junto aquele medo de perder. E cada perda reforça o medo, por menor que seja.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O amor é montanha-russa


O amor é assim, igual montanha-russa. Primeiro um frio na barriga, uma vontade de ir e ao mesmo tempo um medo. Uma vontadezinha de desistir quando tá quase lá. Mas aí, se você toma coragem e vai, é uma delícia. Quando tá lá em cima parece que o mundo é mais bonito, que tudo na vida é prazer. Aí chega o final e você tem que descer do carrinho porque  montanhas-russas são finitas. Ainda bem que a gente pode andar de montanha-russa mais vezes.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Let it be

Tem dias que são assim: basta uma notícia no jornal pra me fazer sentir toda a dor do mundo.  Gostaria de simplesmente não me importar. Queria  ter um mecanismo que me impedisse de sofrer  pelo que foge do  meu alcance. Mas não é assim, se vejo alguém do bem  passar por uma situação cruel me sinto mal por não poder fazer nada. Então eu choro convulsivamente e fico achando a humanidade toda uma merda. E durmo esperando que amanhã uma gentileza, um sorriso ou qualquer gesto bonito me dê  esperanças de novo.

quinta-feira, 14 de abril de 2011



Não, eu não superei . Não superei nada do que vivi. As coisas boas e as ruins, carrego todas comigo. Todas as perdas, grandes ou pequenas que tenham sido, continuam a doer. Meu coração tem ainda as cicatrizes das vezes em que foi partido. Sinto saudades todos os dias dos momentos felizes que se foram. Todos eles, mesmo os que já esmaecem na memória. Tudo o que foi, continua sendo em mim.  Tudo isso é parte do que sou. Sou gigante. Sou um lugar em que cabem tantas coisas que desconheço, chega a dar medo às vezes.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Da vontade de estar em todos os lugares

Depois que te perdi encontrei muita coisa. Perdi todo o medo das mudanças. Meu medo maior era viver num mundo sem você, então nada mais me causa medo. Tornei-me obcecada por mudar, conhecer o novo, ver até que ponto o que eu tinha importava de fato. Descobri que minhas certezas valiam muito pouco. Foi libertador. O que tenho de mais importante está dentro de mim. E depois de saber isso, como é possível ficar em algum lugar?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A importância do número 1


Não, o número um que importa não é o primeiro, numeral ordinal. É o poder do número sozinho, avulso.Um só. Ás vezes um é tudo  que precisamos. Basta um sim pra não deixar de acreditar. Basta um milagre pra continuar a ter fé. Basta um casal  junto até que a morte os separe pra acreditar no amor. Basta minha presença, porque sei lidar com a solidão.  Basta um sorriso pra me dar esperanças de novo. Basta uma gentileza pra achar que a humanidade é boa. Basta um homem, pra toda vida.

quinta-feira, 3 de março de 2011


Era um amor platônico. E quase esqueci que não acredito em amores platônicos. Porque eles nunca se realizam, existem apenas no mundo das ideias. Então nosso romance idealizado continua a existir no mundo das ideias, junto a milhares de outros amores não realizados. E eu sigo me ocupando com a vida real, amando e conhecendo. Conhecendo e me frustrando, pra depois amar com mais força.
... 
Como pode ser isso? Um coração despedaçar-se em mil pedaços e depois juntar-se, a ponto de retomar a capacidade de despedaçar-se novamente?

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sobre superação


De repente todos falam em superação. O tempo todo somos bombardeados  com a necessidade de superar nossos limites, superar um amor do passado, superar a morte de alguém próximo. Mas afinal, será que tudo é superável? E acima de tudo, como saber se algo foi superado ou não? Seria mais fácil se houvesse uma maquina de esquecer, como no filme MIB, mas ela não existe. Tem perdas que são simplesmente irreparáveis. Se esquecer a morte de um ser amado é tarefa impossível, então acostumar-se com a ausência já seria superação? Mas, afinal, é a única opção que se tem. Se uma velha paixão continua a mexer com a gente, ora com mais intensidade, ora de forma branda, é algo que foi superado ou não? Ou, quem superou uma dor sabe de pronto?

domingo, 30 de janeiro de 2011

Na verdade não é um emprego novo que busco, é paixão. Quando  mudo tudo e sigo outro rumo, não é porque cansei da mesmice. Se paro, se vacilo, se pondero, não é equilíbrio o que quero, é desequilíbrio. E fico buscando aquele medo, aquele frio na barriga. Às vezes confundo,  tento reconstruir o que senti antes. Eu quero ser arrebatada. Eu tentei me apaixonar, tentei até sentir ciúmes e nada. Cadê a intensidade de olhar e sentir uma dorzinha no fundo do peito, um amolecer de pernas? Cadê tudo isso? Onde está a confusão de sentimentos que disseram nos livros? Dezenas de descidas de montanha russa, visitas à museus,pancadas em sacos de boxe, músicas ouvidas repetidas vezes.  E só um lampejo do que quero. Mas como fazer se quero só a amostra grátis? Eu vivo pra sentir aquilo outra vez, e enquanto eu não sinto procuro, procuro.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Meio sei lá

Sempre essa inadequação. Não sei se ainda não cheguei ou se já vim tarde. Chego quando já estão bêbados demais, cansados demais, amando demais, desiludidos demais.  Minha apatia diante das paixões alheias, minha empolgação com o que é corriqueiro pra todos  Estou no lugar errado ou sou a pessoa errada, sempre. Ultimamente tem sido essa sensação, essa não-sensação, essa coisa meio sei lá.